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A Importância do Sentir

Como a chuva, também precisamos desaguar para clarear o nosso céu. Sim, chorar é desconfortável, mas em alguns momentos será a alternativa mais saudável e honesta para processarmos emoções difíceis. Quando nos sentimos mal ou desconfortáveis, tendemos a fugir ou até a ignorar esta inquietude, essa falta de lugar. Pode ser mais fácil rolar o feed, comer algo, usar algo, anestesia… Sim, é desconfortável sentir coisas desconfortáveis, falar coisas desconfortáveis, mas fugir delas não nos auxilia nessa importante elaboração propícia ao cuidado de nós mesmas, de nós mesmos. 

 

A tristeza tem seu lugar, a raiva tem seu lugar. A tristeza ensina o que a leveza da alegria não permitiu aprender e a raiva movimenta o que a inquieta subjugação não permitiu libertar, auto afirmar. Porém, não deixemos estas emoções tomar conta de nós, nos cegando e nos reduzindo a um vitimismo auto ignorante. Aprendamos, então, que elas trazem seus importantíssimos ensinamentos, sua disposição para a mudança. Assim é a caminhada, aprendemos para sofrer cada vez menos, servindo aos outros e a nós mesmos com cada vez mais alegria, mais atentos e amorosos às nossas resistências. 

 

Tudo que nos incomoda precisa ser cuidado desde um lugar de muita atenção e carinho. Comunicação é a chave, escrita, meditação, choro, arte, vínculos reais, ferramentas… No início, vai ser estranho e dolorido nos haver com o que não queremos enxergar. Afinal, a lição precisou ser dura para ser compreendida. Mas quanto mais dor, quanto mais obscuridade, mais se deve ter amor. Assim, a própria dor vai confiando em se mostrar, pois sabe que ali haverá acolhimento. É o único jeito. Anestesiar só alonga o caminho. 

 

Atenção é um ato de amor. Pontualidade é um ato de amor. Escutar opiniões divergentes com respeito é um ato de amor. Ir no tempo do outro é um ato de amor (querer mudar o outro é uma armadilha). Se perdoar é um ato de amor. Ir no nosso próprio tempo, sabendo que não vamos mudar do dia para a noite é um ato de amor. Provavelmente iremos recair, e ali estará o amor para novamente acolher. Com presença, consciência, mas sem culpa. A culpa paralisa, a ansiedade paralisa. A ignorância paralisa. Vida é movimento, é sentido. 

 

Algumas teorias da psicologia dizem que a forma de processar a realidade para modificar nossos comportamentos é modificando primeiro o pensamento. Após,modificar as emoções relacionadas a esses pensamentos e então, os próprios comportamentos, as ações. Proponho aqui uma outra maneira de abordar a expansão de nossa existência. Primeiro, prestemos atenção nas nossas emoções, pois ali está a verdade, o que ainda está inconsciente para a cognição. O sentimento é sempre o guia, uma voz calada e tão verdadeira. Nosso coração é gentil, ele não vai chegar gritando como nossa mente. Então é imprescindível que façamos silêncio para escutá-lo, pois ele nos dará a força para que percebamos, acolhamos e mudemos nossos pensamentos. (Recordar, repetir e elaborar, Freud).


 

Os nossos padrões de pensamento são muito arraigados. O ego não quer deixar de controlar, deixar de ser o que aprendeu a ser para se proteger (porque medo também é proteção) desde milênios, para se colocar num outro lugar de extrema vulnerabilidade, desconhecimento, de gasto de energia para se modificar para um padrão mais consciente, amoroso, corajoso, educado, mas ainda tão frágil. O ego morre de medo, o ego sobrevive a partir da idealização, que sempre se desconecta do real, do sentido, do propósito, eduquemos-o com amor. Não precisamos ser perfeitos, ninguém é. Coragem para ser “ruim” em algo que se é novo. Lembrando que “bom” e “ruim” não existem, tudo é aprendizado. A verdadeira grandeza está na humildade.

 

Tomemos por base nosso cérebro reptiliano e seu modo padrão de luta, fuga ou congelamento, o sistema límbico. Há um eixo hipotálamo-hipófise-adrenal que libera cortisol e adrenalina quando nos sentimos ameaçados consciente ou inconscientemente. Evolutivamente nós precisamos ser assim. A amígdala é muito instintiva.. e na falta do comando mais ponderado e intuitivo do córtex pré frontal e da glândula pineal (haja meditação e autoconhecimento) é ela quem dá as cartas, sustentada também pelas memórias quase sempre traumáticas e muitas vezes inconscientes advindas do hipocampo ali do lado, e aí ela manda o sinal para o hipotálamo produzir os hormônios do estresse, do medo… e o hipotálamo regula a  produção hormonal da hipófise das suprarrenais, que estão abaixo dele. Ele não somente “comanda” a liberação dos hormônios do estresse, mas de hormônios relacionados a diversos programas fisiológicos como crescimento, digestão, desenvolvimento de diversas estruturas biológicas, imunidade, ciclo menstrual, libido, respiração, batimentos cardíacos, pressão arterial, fome/saciedade, sede, temperatura corporal, os hormônios da tireoide, sistemas de recompensa (dopamina), humor…

 

Não é à toa que suspeito que as modificações genéticas que nossos amigos das estrelas têm feito conosco perpassam a modificação desse nosso programa biológico tão instintivo e limitante, no sentido de facilitar o processamento neurológico via córtex pré frontal, aumentando o tempo estímulo-resposta e nos tornando menos reativos, mais senhores e senhoras de nós mesmos. O neurocientista Joe Dispenza fala sobre a ativação da coerência cardíaca através do eixo cardíaco-pineal-córtex pré frontal. (Livro: Como tornar-se sobrenatural).

 

Agora é hora de ser diferente, estamos num momento de encerramento de ciclos. Importantes, sim, com carinho sempre lembrados (somos quem somos por causa do que fomos, honremos nossa caminhada), mas que talvez já não façam mais sentido. Coragem para saltar! É um novo lugar, não é familiar, mas será que o familiar é mesmo o melhor? Lembrando novamente que melhor e pior não existem. Desprogramar a mente julgadora é uma excelente prática. “Tudo que me acontece, eu aceito. Portanto, não sofro”. Tudo bem tentar entender, mas não tente entender demais, nem tudo pode ser nomeado. Aceitemos os processos.

 

Tudo é bom e ruim, tudo é aprendizado, relações são aprendizados, o outro é espelho. A raiz do sofrimento é o apego. Idealização é prisão. A libertação é o amor. O amor (e o autoamor) às vezes vão ser as escolhas mais difíceis, mas devem sempre ser cultivados. Coragem! A gente é o que consegue ser, sigamos sem pressa, mas sem perder tanto tempo. Presença é auto amor. Permita que seu sentimento seja seu guia nessa jornada para tornar-se mestre de si mesmo. Controlando a si, você não precisará controlar mais nada. Sem medo, com confiança, auto confiança, até que sejamos um com nosso Eu Superior.

…Mas que bela caminhada!





























Não se apegue aos extremos, as transições podem ser mais suaves, você ainda está aprendendo e não tem que ser legal o tempo todo, mas você pode sim se cuidar. Soberba e insegurança são dois lados da mesma moeda. Autocompaixão! Você (e todos por aqui) estão apenas iniciando esta longa jornada do Ser. Chegou a hora de ir pelo amor e não mais pela dor.

Você está sendo exposta (o) (somos todos o feminino e o masculino) a momentos, a eventos aos quais você nunca tinha sido exposta (o) antes. Isso requer maturidade, requer sua mais profunda misericórdia, perdão, paciência, coragem! Mas são estes também os momentos derradeiros em que você mais pode evoluir. Preste atenção em você mesmo (a), devagar e/mas sempre, a compulsão é uma fuga da mesma forma que a letargia (e tudo bem experienciá-las, lembre-se: autocompaixão, você está apenas começando). A vida está acontecendo, o tempo todo, você é vida. Vida é presença, é firmeza, como uma árvore. Presença frutifica.


Escute sua essência, como um lampejo de luz que passa quase desapercebido, encoraje essa luz a brilhar. Escrever ajuda, meditar ajuda, auto observar-se com compaixão então...! Você vai errar muito ainda, mas vai aprendendo a aprender com os erros, bom ânimo. Os caminhos exigidos são complexos e o equilíbrio é dinâmico. Às vezes você vai estar no seu "pior", mas o seu "pior" não existe. A dualidade é uma ilusão, é prisão. Lembre-se: autocompaixão, você ainda está aprendendo, está começando.

O direcionamento da energia mental, espiritual, consciente, afetiva para a atenção, para a ação, para uma existência sustentada e construtiva vem de um lugar de muitííssimo zelo, leveza, firmeza, presença, ponderação, intuição, responsabilidade. Imagina você pensar que você é um DEUS, criador (a), um ser com tanto poder! Tem que merecer e cuidar desse poder. A justiça do Universo. O Universo é expansão, Deus é expansão, você é expansão (não uniforme, entrópico pois há ordem no caos), você é Universo.

Lembre-se (sim, porque você já sabe mas pensa que esqueceu): Você é Deus. Este é um segredo bem guardado que aos poucos vamos descobrindo com humildade, perseverança, autoamor, autoperdão, muuito, mas muito amor. Enche esse copo de amor e transborda! Servir é transbordar. Quanto mais acima, mais se serve, o ego vai se educando. Que deixemos de ser ama dores, para sermos incondicionalmente amadores, viva o amor! O amor é também trabalho, trabalho não é pesado. Leveza e firmeza coexistem.

Você acha que você precisa da dor, mas é a dor quem precisa de você. Se você se entregar à ela, ela toma conta. A alegria, você a escolhe, ela é respeitosa. Respeite-se. A chave está no seu coração muito mais que na sua mente. Você pode até ficar triste, mas uma hora vai ter de levantar-se! Melhor encurtar a caminhada, não é mesmo? Perdoe-se. Não dá para fugir de si, você está aí! Se você não se amar, quem mais vai fazê-lo? Você sempre será você, então melhor é fazer de si um lugar de amor. 

No momento em que você se omitir, pensar em desistir e em usar uma máscara de vítima é hora de parar, rever, sentir, olhar para dentro em silêncio e perceber (com muuuito amor) o que em você atraiu aquilo e como modificar isso dentro para ressoar fora. Quais mudanças fazer na vida? Não foge da responsabilidade, não foge da dor. Ela está aí te fazendo um lindo favor de mostrar-lhe o que precisa de mais cuidado. 

Ah, mas não é tão simples... Sim. Não á fácil ser real em um mundo falso, distraído, compulsivo. Às vezes nem mesmo você é real e tá tudo bem, pegue as chaves com Deus, mas caminha! Confia e caminha. Sua essência e seu coração sabem a direção.

Esse mesmo coração tão lindo (mas tão sufocado) que bate em você também bate no seu irmão, na sua irmã, somos todos um. Se você tem problemas, está perdida (o), fraca (o), imagina o outro! Compaixão, autocompaixão, eu sou o todo! Não é fácil, mas não tem que ser difícil. Consciência é presença, é transformação. Pode parecer que vai doer, mas está lá para te ajudar. A crise é também ponto de virada, o início de um novo ciclo. Sim, você vai colocar barreiras, o outro vai colocar barreiras (eu sou o outro), mas você é bruta (o)! É suave, é sabida (o)... sabe o que compensa e o que não compensa e vai escolhendo com mais sabedoria, sem rigidez (o equilíbrio é dinâmico), pouquinho a pouquinho.

A caminhada é longa! Em todos os lugares dela há aprendizado e serventia, mesmo que você não reconheça no momento. Por isso, o único jeito de ir sem dor é se você teimar em se conectar com esse lugar de amor mais sutil, mais profundo e generoso em você, não esquecer-se dele (só sei que nada sei). É mais fácil com apoio, apoio na fé, em pessoas de bom coração (o todo se complementa) e em você mesma (o). Não se menospreze, o medo é a dúvida, é a falta de coragem, a falta de fé.

Fé é questão de sobrevivência! E sobrevivência é movimento, no nível em que estamos esse movimento será às vezes duro e às vezes suave, por isso é importante ter humildade quando se está em cima e resiliência quando se está embaixo, tudo é aprendizado, é complementariedade. Serenidade, presença. Você é um templo, ame-se. Você acha que dando dor para a dor você vai diminuí-la? Olha você querendo alongar o caminho... Já sabe que ele é longo tem que ir devagar, vai alongar mais? "Não quero errar, mas posso errar". A dualidade, o erro e o acerto são ilusões, tudo é um só. A raiz do sofrimento é o apego.

E lembra, o irmão e a irmã do lado também podem errar. São nossos professores. Às vezes você só precisa de um tempo e tá tudo certo também, eles também precisam. É melhor se acalmar, sentir do que ter compulsão, obsessão, controle. Cura com amor esse ego insaciável, cindido, sofredor. Não esconde tua beleza, acredita nela. O seu cérebro é reptiliano então às vezes você vai ficar contra você mesma (o), isso é a autoproteção do medo. E o medo está aí por um motivo, autocompaixão! Autoamor é um lugar sagrado, não esqueça-se dele no olho do furacão. A própria vida vai te mostrando os ensinamentos, mas você "tem que" querer caminhar com alegria, humildade e coragem.

Esteja em paz com você mesmo, com você mesma e ame incondicionalmente. Regue as plantas, faça brotar. Eu sei que amar não é o seu jeito mais natural de ser, mas é o caminho mais curto para a verdadeira você. E amar é cuidar, é validar, para então desapegar. Mas o caminho é longo (e não retilíneo) e nele tudo tem que ser válido. A tristeza é válida, a raiva é válida, a comparação é válida, o vitimismo... você está aprendendo a se amar, não vá fugir de si! Imagine falar com o cérebro há anos e de repente ter que falar com o coração?

Mas falar com o coração é necessário agora. Lembrando que "necessário" é sobre evolução, e não sobre rigidez. Rigidez é falta de abertura e se você é falta, você atrai falta. Por isso tem que aprender com amor. Querer, mas deixar livre. Falar desde/com o coração é nutrir esse lugar tão bonito, corajoso, sábio, leve, amoroso, ponderado, ativo, nutritivo, é o néctar da nossa flor. É isso que o momento pede.

Os momentos/movimentos estão intensos, sim... Está pesado. Então se você for cura, você cura você e aos outros, porque está pesado para todo mundo. E o que mais tem e vai ter cada vez mais são pessoas em busca de cura. Nós, com essas telas, estamos esquecendo-nos de como amar, o jogo está pesado. Não se esqueça de quem você é, de quem são os outros. Conviver sem máscaras. O que tem de gente boa por aí...

Consciência Divina, um lugar sagrado, esforce-se para habitá-lo com mais frequência, porque se Deus quiser (e ele quer, eu quero) o planeta e o Universo (que também é Deus) vão vibrar com mais consciência e será mais fácil habitá-lo. Curando-se um, curamos todos! Temos muito auxílio das dimensões superiores. O amor é sublime, o amor sublima.

Sua família e você estão passando por coisas parecidas, tenha compaixão por eles pois estão conectados a você e você a eles, responsabilize-se, esteja presente e agradeça à oportunidade de se redimir a cada novo desafio (kharma e dharma não são tão diferentes), de enxergar com mais clareza e amorosidade. Graça também é êxtase, mas é merecida, então permanece. 

Viver é uma oração. Firma e recebe! Com amor e alegria. Âmem.

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Caminha que o caminho se abre
Autocompaixão na reforma íntima

Uma partilha sincera 

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Meditação e Autoconhecimento

 

Uma prática pouco valorizada aqui no ocidente, mas muito eficiente e que pode ser aliada à psicoterapia a fim de que percebamos melhor as nossas emoções e habitemos um estado subjetivo de maior harmonia e assertividade é a meditação. Ela pode ser feita da maneira que for mais aprazível — sentado ou deitado, com música, mantra, guiada ou apenas no silêncio do eu consigo mesmo. Muitos ainda associam a meditação a uma espécie de ritual místico, praticada apenas por pessoas altamente espiritualizadas. Mas a realidade é que ela é simplesmente uma atitude de se colocar à disposição de silenciar a ruminação mental, a incessante "voz na sua cabeça". Isso é feito não a partir da negação dos pensamentos que por ventura aparecem, mas por meio de sua não estimulação, os deixando amorosamente ir, da mesma forma que vieram à mente. E, no lugar dos pensamentos, devemos prestar atenção nas batidas do coração e no ritmo da respiração, que deve ser mais lenta e profunda para ativar o sistema nervoso parassimpático, responsável por nos acalmar.

Ora, parece justo, não? Você se dedica a prestar atenção em si mesmo e é recompensado com o esclarecimento sobre quem você é e o que você sente. E tudo isso por meio de um processo que é gratuito, que pode ser feito em qualquer lugar (desde que silencioso), a qualquer momento, por qualquer pessoa e de forma autônoma! "Ahh, mas eu não consigo não pensar em nada", não foque em "não pensar em nada", mas sim em prestar atenção na sua respiração. Comece com um tempo de cinco minutos e vá aumentado esse tempo aos poucos, não precisa fazer posição de yógui, não precisa complicar, "melhor feito do que perfeito". Apenas reserve um tempo para si, da maneira que puder.

Já foi comprovado que práticas de meditação auxiliam no déficit de atenção, no gerenciamento do estresse e da ansiedade, para diminuir a pressão arterial e o cortisol. Também auxilia na flexibilidade cognitiva, propiciando insights importantes. Quando combinada à psicoterapia, a meditação enriquece o diálogo e as reflexões trazidas à clínica, de modo a tornar o processo psicoterapêutico muito mais eficiente e profundo.

Muitas pessoas que meditam relatam que um dos principais benefícios dessa prática é que elas fazem melhores escolhas ao longo do dia, sendo capazes de ponderar melhor antes de tomar alguma decisão ou de falarem algo. A sociedade e os diversos contextos nos quais estamos inseridos constantemente nos demandam respostas e é fundamental que sejamos mais assertivos nessas atitudes, a fim de construirmos uma caminhada mais coerente e positiva.

Além disso, meditar nos dá a oportunidade de olharmos com mais carinho e cuidado para os nossos pontos a melhorar, substituindo uma perspectiva de autocrítica por uma de aceitação incondicional e compreensiva de nossa condição humana e imperfeita. Nos possibilita, assim, enxergar os desafios como oportunidades de melhora a partir de uma perspectiva mais analítica.

Num mundo inundado de informação, meditação é bote salva-vidas, é necessidade, é sobretudo um ato de amor próprio.

Muito obrigada pela leitura, espero que considere com carinho a recomendação a essa prática que é tão simples, mas tão profunda em seus benefícios. Me encontro à disposição para esclarecimentos e para o atendimento psicológico.

Até mais, lhe desejo tudo de bom!

Referências Bibliográficas: MENEZES, C. B., DELL'LAGLIO D. D. POR QUE MEDITAR? A EXPERIÊNCIA SUBJETIVA DA PRÁTICA DE MEDITAÇÃO. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 14, n. 3, p. 565-573, jul./set. 2009

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Ansiedade ao seu Favor

Taquicardia, sudorese, pensamento acelerado, mãos trêmulas, medo… Sim, a ansiedade pode ser bastante desconfortável para quem a experiencia, e não são poucas essas pessoas. O Brasil é o país mais ansioso do mundo segundo dados da OMS de 2023. Claro que há atitudes pontuais que devemos tomar para mitigá-la, como respirar mais profundamente, dormir bem, fazer exercícios, ter uma alimentação saudável, evitar o uso excessivo de telas, evitar a sobrecarga de tarefas, as relações tóxicas, fazer terapia. Mas esse artigo propõe uma abordagem mais profunda e menos comum sobre o tema. Como entender de fato o alerta que a ansiedade nos dá? Como, ao invés de tentarmos apenas excluí-la, o que nem sempre funciona a longo prazo, podemos ouví-la em suas demandas mais profundas para que possamos usá-la ao nosso favor?

 

Um primeiro elemento que proponho aqui como sendo extremamente ansiogênico para algumas pessoas é a poluição sonora. Ela pode ser um grande estressor para quem é mais sensível, é um fator de risco enorme para a saúde cardiovascular e ainda pode prejudicar o descanso, a concentração e a introspecção (necessária para momentos de maior reflexão e meditação, prática potente à mitigação da ansiedade). Infelizmente, numa sociedade cada vez mais “barulhenta” e acelerada, estabelecer-se em locais mais silenciosos e distantes pode ser a alternativa mais resolutiva ao problema, além de que locais mais próximos à natureza tendem a ser melhores para a saúde mental. Mas nem sempre é possível essa mudança de moradia, havendo alternativas mais práticas e acessíveis, como o uso de tampões auriculares ou de placas de isolamento acústico. 

Muito se fala de uma vida saudável para uma boa saúde mental, mas aqui eu proponho uma abordagem diferente: faça o que você pode. Por exemplo, é sabido que tomar sol e fazer exercícios físicos ajudam nossa saúde mental, mas não são todos os dias que estamos super animados para ficarmos uma hora na academia ou um tempão embaixo do sol. Então faça o que você puder! Fique alguns poucos minutos ao ar livre, faça uma caminhada curta ou tente acompanhar um pouquinho de um vídeo de exercícios no Youtube, o que for mais agradável.

 

A jornada de uma vida saudável tem de ser prazerosa e ela vai oscilar, é humano oscilar. Faça da sua mente um lugar confortável, autocompassivo, ao invés de permitir que a ansiedade lhe chicoteie dizendo que você deveria isso ou aquilo. Essa abordagem de autopunição gera um ciclo vicioso de frustrações e baixa autoestima, nos mantendo reféns de um estado constante de insatisfação. Muitas vezes, o perfeccionismo anda de mãos dadas com a procrastinação, “antes feito do que perfeito”.

 

Agora sim vamos chegando à temática principal do texto: usando a ansiedade a nosso favor. Vamos pensar, por exemplo, em alguém que sente ansiedade toda segunda-feira antes de iniciar uma nova semana de trabalho. O que a ansiedade desta pessoa está lhe dizendo? Claramente, “eu não gosto do meu trabalho”. Ou então pensemos em uma moça que tem ansiedade quando tem que sair para festas ou locais com muita gente, o que esse sentimento lhe diz? “Eu não me sinto bem em lugares lotados”. A ansiedade é um mal estar, um despertador de que algo não está bem. Ela pode nos dizer que estamos com dificuldades para nos adaptarmos a determinados locais, que estamos insatisfeitos com algumas relações ou tarefas. E então, cabe a nós ouví-la para que façamos as mudanças necessárias em nós e nos meios aos quais habitamos.

 

Contudo, mesmo nos sentindo mal em dados contextos, muitas vezes não podemos simplesmente sair de um trabalho que não nos satisfaz, pois necessitamos de sua renda, ou então deixarmos de frequentar uma universidade que nos é ansiogênica, pois precisamos concluir a graduação. Nestes casos, temos de usar estratégias de mitigação dos sintomas ansiosos, como a construção e o fortalecimento de uma rede de apoio (pessoas capazes de nos dar suporte), o cuidado com a saúde física e, em alguns casos mais graves, o uso pontual da medicação.

 

Para além dessas estratégias de curto e médio prazo, o mais importante é pensarmos em um planejamento a longo prazo para o cuidado com a nossa saúde mental. Por exemplo, se uma pessoa não gosta de pegar trânsito, ela pode fazer técnicas de dessensibilização traumática para acontecimentos ruins quando estava em um automóvel, fazer diversas técnicas de respiração profunda nessa situação, tentar fugir dos horários de pico, dirigir de forma mais serena saindo com antecedência, colocar mantras em seu carro ou cheirar óleos essenciais de relaxamento no trajeto. Mas, neste caso, o que será mais eficiente para o combate à sua ansiedade será ter um estilo de vida no qual ela não tenha que pegar trânsito com muita frequência.

 

O fato é: a ansiedade é o que chamam na psicanálise de sintoma, uma pista que diz que algo não vai bem e que talvez este não seja esse o caminho, como um machucado que dói para que tenhamos mais cuidado com aquele local. E a grande pergunta “qual é o caminho, então?”. Bom, o que funciona para cada um é muito individual, não vai ser o que funcionou para o colega que é “muito bem sucedido” ou o que os pais querem para o seu amado filho (armadilha muito comum). A sociedade tende a patologizar o que é diferente, propondo um modelo ideal de produtividade e conformidade, mas não adianta tentar se encaixar onde não te cabe. 

 

Um bom início a esse caminhar de autodescoberta pode se dar pelo autocuidado de se permitir ser tocado pelas emoções desconfortáveis para então ser capaz de tratar a ferida e nutrir-se da coragem de fazer mudanças em prol do que realmente se quer. Assim, a cura está em acatar a ansiedade em sua demanda genuína e se perguntar: “Se não por aqui, então por onde?”. Daí, abrimos as portas para a felicidade, tratada aqui como uma cuidadosa e perene construção, uma busca pelo que verdadeiramente se quer e valoriza, pautada principalmente no autoconhecimento de quem se é e do que se deseja.

 

Bibliografia: https://www.bbc.com/future/article/20221017-how-to-use-anxiety-to-your-advantage

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Em caso de sofrimento psíquico, automutilação, violência doméstica ou ideação suicida, ligue 188 (CVV) ou (31) 3444-1818 (Alô Vida). Valorize a vida!

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